quarta-feira, 12 de junho de 2013

60 minutos para renovar o seu casamento #1 Introdução

A garota do Zoológico
O zoológico abriu às 9:00h da manhã. Eu e meu filho fomos os primeiros a entrar. Por volta das 2:30h da tarde, comecei a observar certo homem. Se fosse mais cedo, ele certamente não despertaria minha atenção. Mas, para ser franco, àquela altura eu já estava cansado de tentar fazer as focas saírem da água, os gorilas deixarem o esconderijo e de tentar despertar uma cobra de aspecto asqueroso que estava por ali. Já me encontrava no estágio terminal da "fadiga do zoológico", nome com o qual alguém batizara esse tipo de cansaço. Então comprei um sorvete, procurei um lugar para me sentar, deixei os animais de lado e passei a observar as pessoas.
Assim que me sentei, avistei um homem que parecia ser o candidato ideal para  receber o prêmio de pai perfeito. Enquanto os outros tiravam uma soneca na grama ou olhavam vagamente para a jaula dos macacos, aquele dava total atenção à filhinha. Ele levantou a garota várias vezes para ela passar a mão nos elefantes, e depois se ajoelhou perto dela para explicar por que os macacos tinham o traseiro vermelho. (Gostaria de estar mais perto para poder ouvir a explicação dele!) E aquele pai não alimentava apenas a mente da filha, mas também o estômago dela, pois em um espaço de meia hora a menina consumiu um pacote de chipes, um pirulito no formato de urso e um saquinho de pipoca.
Finalmente, porém, ele também se cansou. Então deixou a menina atormentando um calango e "caiu" exausto na cadeira ao meu lado. A essa altura, esse homem já havia se tornado o "meu herói", e foi o que eu disse para ele. Não sei bem que tipo de resposta esperava dele. Talvez achasse que ele iria encolher os ombros e dizer:"Qualquer pai faria isso". Contudo não foi o que aconteceu. Sua resposta foi uma conversa que durou quase uma hora.
Contou-me que seu casamento fracassara. Ele e Claire, sua esposa, tinham se separado havia dois meses, e ela ficara com a guarda de Emily, a única filha do casal. Aquele sábado era o dia de sair com a menina. Aí tirou da carteira  uma fotografia, já de pontas amassadas, em que se via a esposa, sentada numa cama de hospital, com um bebê no colo. Ele se achava ao lado dela em pé, com a mão no seu ombro. Os dois admiravam o neném.
Se tivesse de criar uma legenda para aquela foto Polaroid desbotada, acho que escolheria esperança. Os pais tinham feito muitos planos para a criança. Um mês antes do nascimento, o quarto já estava preparado. E os sonhos do casal iam muito além da infância, afinal, aquela era a filha deles. 
De repente, o homem ficou todo animado e passou a me contar tudo sobre Emily: suas primeiras palavras, os primeiros passinhos. Falou da ocasião, quando a menina tinha três aninhos, em que ela ficara perdida numa loja de departamentos superlotada em época de Natal.
Para eu deixar de dar ouvidos àquele homem naquela hora teria de ser muito insensível ou muito tolo. Enquanto o ouvia, senti profundo pesar. E não era apenas por ele. Imaginava a mãe de Emily esperando-a voltar pra casa. Talvez estivesse olhando pela janela, e quando ouvisse a campainha, viria correndo abrir a porta. Então resmungaria um um "tchau" para aquele que agora não passava de um estranho. E em seguida conduziria a menina para dentro. Essa mãe certamente fará o que puder pela filha. Entretanto tudo será muito mais difícil do que ela imagina.
Senti certo pesar também por aquela garota que nesse momento estava sentada na beirada do banco, toda contente, balançando as perninhas e jogando amendoim para os pardais. Agora ela também fazia parte da estatísticas sobre lares desfeitos. E o que significa isso? O que foi que se desfez afinal? Como foi que acontenceu? Será que tem conserto?
Naquela hora, pensei se alguém poderia ter tomado alguma providência, ou ter escrito algo que viesse dar novas esperanças  a essa família. 
Obviamente, os leitores se encontram em situações as mais diversas possíveis. Uns estarão no início da vida a dois (como é o meu caso). Outros, passando por momentos difíceis e talvez até pensem em separar-se. Alguns já terão experimentado a dor do divórcio. Aqui abordo a questão dos filhos, mas sei que nem todos os casais os têm. Portanto, quem quiser, pode simplesmente não ler este artigo ou qualquer outra parte que não se aplique ao seu caso.
O leitor deve ter notado que escrevi com mais detalhes centralizando a garotinha, é por que diariamente centenas de crianças sofrem com  divórcio dos pais. Emily representa todas elas. Espero que o conjunto de artigo postado sobre "60 minutos para renovar o seu casamento" beneficie aqueles que estão pensando em se casar e também aqueles que tem um casamento estável.

Feliz dia dos namorados!

Filipe Ivo

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